terça-feira, 6 de agosto de 2024

“Como pode o sol ignorar o céu?”


A tristeza que andava distante e esquecida, tornou-se uma companheira,
Uma hóspede que sequer foi convidada, mas que teima em se instalar.
Ela floresce com a força do silêncio do lugar vazio à cama,
estrondoso silencio que se instaurou assim que você levou a felicidade. 
Aliás, lembra que ela antes estava em todos os lugares?
Agora nem nas lembranças boas consigo mais encontrar,
Quando procuro, a nova inquilina sempre vem atormentar.
Não é exagero; sinto como se ela tomasse toda a cidade
Tomou também o riso, a cor, a poesia, o samba, o sabor, o amor,
A rua, o bar, a música, o mar, o estado, o país, o mundo, a vida.

Nem teu sorriso, a antiga cura das dores, vem me salvar.
O sol que antes iluminava e aquecia, insiste em nascer, Iluminar
E, o pior, quando queima minha pelelembra-me do teu calor.
A alma, pela metade, as vezes parece não suportar.
O amor, maltratado e abandonado, ainda resiste, persiste em perseverar
Definhando, mas sempre imaginando um meio de tudo se ajeitar.
Por mais que o mundo diga que não há mais nada a esperar.