quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Samba pra distrair XIX

Não Vale Nada
Velhas Virgens

Hoje eu encontrei
Um velho retrato seu

Por onde andarão os olhos
Que um dia foram meus
A rua sem você
Vazia é quase nada

Escura suja e triste

Recordação maltratada


Bêbado, rouco e louco

Eu danço entre os carros

Na marginal congestionada

Grito blasfemo

Paixão e ódio
Mágoa, despeito

Uma mulher não vale nada

E os dias passam sedentos
Nessa imensa mesa de bar

Copos vazios
Que brindaram saúde

A quem já não me quer mais
Não me quer mais


*“Toma um fósforo Acende teu cigarro!
O beijo, amigo,
É a véspera do escarro

A mão que te afaga

É a mesma que te apedreja

Se alguém causa ainda pena a tua chaga

Apedreja essa mão vil que te afaga,

Escarra na boca que te beija!”

*Versos Íntimos
Augusto dos Anjos (1884/1914)

Nenhum comentário: