quinta-feira, 24 de abril de 2008

Homenagem ao malandro

Folhetim
Chico Buarque

Se acaso me quiseres
Sou dessas mulheres
Que só dizem sim
Por uma coisa à toa
Uma noitada boa
Um cinema, um botequim

E, se tiveres renda
Aceito uma prenda
Qualquer coisa assim
Como uma pedra falsa
Um sonho de valsa
Ou um corte de cetim

E eu te farei as vontades
Direi meias verdades
Sempre à meia luz
E te farei, vaidoso, supor
Que é o maior e que me possuis

Mas na manhã seguinte
Não conta até vinte
Te afasta de mim
Pois já não vales nada
És página virada
Descartada do meu folhetim



Minha versão:

Mulher, doce demônio triste, feliz anjo do prazer,

Você manda e desmanda mesmo sem precisar,

Sem pestanejar me faz de gato e sapato, como quiser,

Gato vira lata, sapato de camelô, imitação barata,

A noção de mundo que tenho, é a que você me dá,

Sou escravo de uma senhora linda e indefesa,

Mais que ataca, com um poder de fogo demoníaco,

A arte de seduzir que arde e sufoca e transtorna,

O pandemônio que guardam nos quadris garante tudo,

E vale qualquer sacrifício, qualquer servidão,

Os seios jogados ao acaso, o carinho desengonçado,

A mão frágil, que manda mais que qualquer tirano...



Citação inoportuna:

"...Por trás de um homem triste há sempre uma mulher feliz, e atrás dessa mulher mil homens, sempre tão gentis..."
Chico Buarque


Um comentário:

Rhamom Menezes disse...

SALVE CHICO BUARQUE!

SALVE JOSEPH!

GRANDES MALANDRO...